domingo, 14 de novembro de 2010

Coitado de seu Alvarenga!


Este é mais um conto que não tem nada haver com as corridas, mas como gosto de escrever algumas estórias ...

O nome do protagonista é fictício e qualquer semelhança com certeza é uma mera coincidência.

Parte 1

Seu Alvarenga um sujeito dos seus 70 anos, gente boa, brincalhão, sorridente, mas muito, muito desconfiado e assim ele chegou a clinica de reprodução humana.

Dirigiu-se a recepção apresentando uma solicitação que antes havia pego no consultório o qual anualmente faz o seu acompanhamento da próstata.

Sempre utilizou desse expediente em solicitar por telefone o pedido dos exames ao médico que o acompanha há muito tempo para que quando fosse visitá-lo já levasse todos os exames já com os resultados.

- Bom dia!

Disse seu Alvarenga num tom tranqüilo à distinta moça.

- Bom dia!

Respondeu ela e completando após ver a solicitação do médico muito embora tenha expressado admiração ao ver aquele Sr fazer esse exame disse:

O Sr já fez esse exame antes?

Depois de questionar um pouco e tomar detalhes sobre o tipo de exame respondeu:

- Já tem algum tempo, mas se o médico pediu é por que precisa, não é isso minha filha?

- Certo. Responde a mocinha e completa:

- Será necessário o Sr responder algumas perguntinhas antes de fazer o exame.

Tranqüilo chegou tranqüilo ficou e seu Alvarenga sentou-se a frente da moça a espera do interrogatório.

- Qual a sua idade?

- 70 aninhos.

Seu Alvarenga era um sujeito muito espirituoso e nessa resposta colheu um breve sorriso da moça.

- O Sr está tomando algum tipo de medicação?

Respondeu:

- Bom, estou tomando uma para a pressão.

- É diabético?

- Não, não minha querida.

E assim foram mais algumas perguntas até que:

- Sr. Alvarenga, o senhor está a quanto tempo em abstinência...

Sem esperar a conclusão da pergunta ele prontamente respondeu:

- Estou. Não como sal e muito menos açúcar há muito tempo.

- Não Sr. Alvarenga, estou falando de abstinência sexual.

- O Sr está em abstinência a mais de 72 horas?

Assustado, mas sem deixar transparecer, Seu Alvarenga pensou.

E agora, o que vou responder!

Seu Alvarenga era um sujeito um pouco machista e se fosse nessa hora procurar ser o mais verídico possível...

Há, como ele gostaria de está nesta abstinência só há 72 horas.

Não perdendo a oportunidade perguntou:

 E agora, o que tenho de fazer? Minha filha, quando liguei para marcar o exame ninguém me falou sobre isso, pois assim teria me preparado, ou melhor, ficado sem praticar sexo por esse período.

- O Sr terá que retornar para fazer o exame após as 72 horas, mas obedecendo a abstinência, entendeu?

Com um ar de “Eu sou o Cara”... lá se foi seu Alvarenga saindo da sala com o nariz empinado causando espanto aos presentes que aguardavam a sua vez.


Parte 2

Passado os três dias, seu Alvarenga retorna a clinica.

- Bom dia seu Alvarenga e agora tudo bem?

Disse a recepcionista.

- Claro que sim!

Respondeu ele.

Após concluir o questionário que havia ficado pendente na vez anterior, a moça disse:

- Agora o Sr vai até aquela salinha com este recipiente e colha o material e logo que acaba o Sr aperta uma campainha que está devidamente identificada na sala.

E aí todo compenetrado, pausadamente segue seu Alvarenga para a salinha aos olhares daqueles que estavam presentes aguardando a sua vez.

Já dentro da sala, todo solitário observando tudo que havia a sua volta timidamente se prepara para a sua odisséia.

Mil coisas passavam pela cabeça do seu Alvarenga e tão preocupado como se comportar quando saísse da sala que não se deu conta de que antes teria de entregar o recipiente com pelo ao menos uma quantidade mínima capaz de se poder fazer a análise.

Olhava para um lado, para o outro, a procura de algo que o motivasse e quando percebera que aquele local estava preparado especialmente para esse tipo de exame relaxou um pouco.

Mas, relaxar mesmo que um pouco era o que menos seu Alvarenga podia querer.
Na sala havia diversas revistas pornográficas, uma TV com vídeo e algumas fitas que certamente poderiam ser utilizadas para incentivar o paciente que já começava a ficar impaciente.

De repente dado a dificuldade da nitidamente em visualizar as revistas, seu Alvarenga se deu conta que havia deixado os seus óculos na recepção.

Puta merda! E agora?

Pensou seu Alvarenga.

Vou precisar deles, pois sem eles não consigo enxergar direito.

Decidiu sair e pegá-los.

Já havia passo uns quinze minutos e quando abriu à porta, aqueles olhares que estavam voltados para sua entrada também estavam voltados para sua saída.

- Já terminou Sr Alvarenga?

Perguntou a mocinha com aquele ar de surpresa.

- Não minha filha, é que esqueci os meus óculos.

- É, havia percebido isso, mas não quis interromper. Disse a mocinha.

- Obrigado e retornou seu Alvarenga para uma nova etapa.

Novamente na salinha começou a sua sessão de descarrego.

Calças nas canelas e partiu para se é que podemos chamar de segundo tempo.

Parte 3

Era assim que ele se sentia. Tapa de um lado, tapa do outro, estica daqui, estica dali e nada daquele que já foi motivo de orgulho do seu Alvarenga reagir.
Resolveu partir para assistir o vídeo.

Com um pouco de dificuldade conseguir encaixar a fita no local e quando ligou a TV ouve-se aquele som alto, pois sem perceber, o botão de volume esta no máximo e como havia colocado a fita antes de ligar a TV o mesmo já estava reproduzindo o filme.

Gemidos, sussurros, alguns gritos, seu Alvarenga entrou em desespero.
Roda botão de pra lá, pra cá até e finalmente resolveu puxar o fio da tomada.
Ouviu-se aquele silêncio.

O tempo foi passando, passando e de repente batem a porta:

- Vai demorar?
Disse um desavisado que pensando que aquele local era um sanitário, bateu a porta.

Em voz baixa disse seu Alvarenga:

- Se sua mãe vier me ajudar, possa ser que não.

Após longos quarenta e cinco minutos, depois de muito esforço e bota esforço nisso, seu Alvarenga consegue algum resultado.

Disse algum por que a quantidade obtida foi muito aquém do esperado por ele.
Não tinha jeito a dar.

Não sabia se o pior já tinha passado ou ainda iria passar ao abrir aquela porta.
Imaginava. A platéia já deve está maior, mas não tem jeito.

Segurando o recipiente agora com as duas mãos, colocou em cima de uma mesa, foi até a pia andando com dificuldade, pois as calças ainda estavam nas canelas e lavou as mãos.

Em seguida dirigiu-se a recepcionista com o recipiente a mão temendo algum comentário sobre a quantidade e que certamente o vexame maior, visto que a platéia agora era maior.

- Minha filha, aqui está.

Disse seu Alvarenga segurando aquele que foi o resultado de um grande esforço.
A moça pega a vasilha e com certa dificuldade em enxergar o conteúdo, esboçou dizer alguma coisa sendo logo interrompida pelo seu Alvarenga.

- Olha minha querida, desprezei o excesso, mas se precisar faço novamente.
Ainda com os olhos voltado para identificar o conteúdo do esforço de seu Alvarenga, rapidamente ela olha para ele e diz:

- Acho que será o suficiente, mas o Sr não precisava trazer aqui na recepção bastava apertar a campainha, lembre que te falei antes do Sr entrar na sala?

- É agora já trouxe!

Ficou pensando que depois de tudo, poderia ter ficado sem passar por essa se arriscando a algum comentário sobre a quantidade.

E assim seu Alvarenga foi pra casa e no final das contas se deu por satisfeito, mas antes passou numa padaria para tomar aquele café bastante reforçado temendo ter alguma caruára durante o percurso.

Passados alguns dias, seu Alvarenga recebe uma ligação do consultório do seu médico onde a atendente informou que a requisição que ele havia pegado há dias atrás não pertencia a ele e sim a outro Sr. Alvarenga.

Perguntou a ele já havia feito o exame e caso negativo não precisaria mais.

Seu Alvarenga ficou indignado e pediu para a ela dizer ao médico que só consegui fazer o exame graças às lembranças que ele tinha da mãe dele que havia conhecido antes dele nascer.

E a você minha querida, se precisar fazer de novo, vou te chamar para me ajudar.

E bateu o telefone.

Um comentário:

Jorge Cerqueira Souza Filho disse...

Não sabia que vc gostava de escrever mestre, ri pacas com a história do seu Alvarenga, já pode pensar em escrever um livro...Parabéns..

Jorge Cerqueira
www.jmaratona.com