Ricardo Eugênio Boechat - 1952 / 2019
Estava eu, as voltas para
melhorar de uma labirintite que resolveu me atormentar praticamente as vésperas
da Meia Maratona de SP que iria acontecer no dia 17/02/2019.
Adoro correr em SP e até
então neste ano retornaria mais uma vez vide post Maratona de Salvador – 2019.
Viagem marcada e marcada
também estava um famigerado exame que teria de fazer na semana da viagem mais
precisamente na segunda-feira.
Quem tem esse problema e
necessitou de fazer o exame que aparentemente simples, mas pelo ao menos para
mim foi terrível.
Consiste em você se sentar
numa cadeira, fechar os olhos e o médico com um aparelho sobrar um ar quente
nos seus ouvidos. Isso me provocou uma reação que parecia que eu estava numa
montanha russa e o mal-estar foi tão grande que de tanto suor parecia que
haviam jogado um balde de água em mim.
O consultório era próximo
ao trabalho e o objetivo era que após o exame voltasse a trabalhar, contudo não
tive a mínima condição.
Estava acompanhado de Neuza
por exigência do procedimento e nem condições de pegar o carro eu tive. Resolvi
deixá-lo no estacionamento do trabalho e fui direto para casa.
Já em casa e de banho
tomado, liguei a TV e tomei o maior susto.
Estava passando uma
reportagem sobre um acidente de helicóptero onde o jornalista Ricardo Boechat e
o piloto haviam falecido.
Sabe daquele ouvinte que
sempre que possível ia para o trabalho ouvindo uma rádio e um programa
específico de um jornalista que você admira praticamente todos os dias.
Sou eu, pois me
identificava em muitas coisas com ele fala. Religião, política, ele tinha um
comportamento o qual já exercitava a algum tempo.
Não entrarei no mérito da
questão.
A semana foi passando,
passando e chegou à sexta-feira dia da viagem para SP.
O voo seria no início da
noite e como programado fizemos como outras vezes, indo no nosso carro o qual
deixaríamos no estacionamento do aeroporto pois o retorno ocorreria no domingo
à noite.
Acredite, sai mais em conta
do que pegar um taxi de ida e volta ao aeroporto.
No caminho da ida, já
próximo ao aeroporto Luis Eduardo Magalhaes estava tudo engarrafado, porem nada
que atrapalhasse o embarque pois já conhecendo a região saímos sempre mais
cedo.
De repente sentimos um
baque no fundo do carro e saindo para verificar um carro de aplicativo bateu
embora não sendo nada de grave.
Ao sair do veículo me
deparei com um rapaz tipo esses de academia, cheio de tatuagem, todo
apertadinho.
Perguntei se ele havia se
distraído e me retrucou dizendo que eu parei de repente. Aquilo meu subiu na
cabeça que minha primeira reação foi chamá-lo de idiota.
De imediato pedi que
olhasse para a frente e observasse que estava tudo engarrafado.
Observei que ele estava
levando um passageiro para o aeroporto e embora sem provas, mas o que deduzi de
que ele estava se distraído olhando no celular se haveria uma próxima chamada.
Essa minha dedução ficou
mais consistente quando oportunamente utilizei o transporte por aplicativo. Em resumo
me disse que não ficaria assim e pegou o celular e tirou uma foto da placa do
nosso carro e eu do mesmo jeito também assim agi com a dele.
Seguimos em frente, mas
fiquei preocupado pela ameaça.
Seguimos viagem.
No sábado já em SP, depois
de pegar o kit fomos até um shopping. Minha cunhada graça já estava comigo e lá
revelei de que gostaria de fazer na corrida uma homenagem ao Boechat.
Quando ouvia a rádio,
sempre tinha uma história de que ele quando ficava no Rio de Janeiro e ia à
praia, vestia uma sunga da cor vermelha e foi exatamente o que procurei numa
loja de departamento.
Compramos uma a que achei a
mais parecida com aquilo que imaginava ser a indumentária de que o Boechat
usava.
A preocupação com o
ocorrido no dia anterior ainda era grande e sempre no sábado pela manhã ouvia e
algumas vezes até interagia com um programa na Rádio Metrópole chamado
Metrópole Autos.
E foi o que fiz de
SP.
No programa tem alguns
profissionais para tiram dúvidas não só da parte mecânica, como também de
legislação.
Dúvidas esclarecidas, e com
algumas orientações me tranquilizei.
Depois do shopping vamos
encontrar um grupo de amigos para um breve almoço, pois naquele dia era também
o aniversário da querida cunhada Graça.
Almoço delicioso e aí falei
para a Neuza e Graça que agora, iriamos na Rádio Bandeirantes onde o Boechat
trabalhava. Não poderia perder a oportunidade e para lá seguimos.
Na portaria fizemos uma
breve identificação, mas a resposta não foi exatamente o que esperava.
Disse a moca da portaria:
- Normalmente temos até a
visita de algumas pessoas de outros estados para conhecer a rádio, mas hoje por
ser um sábado não tem como fazer. É só de segunda a sexta.
Mas o brasileiro nunca
desiste e sendo baiano mais ainda.
Insisti, insiste, até que ela
contatou um jornalista que inclusive trabalhava com ele.
O que o percebi é que o
ambiente entre as pessoas que passavam pela portaria tinha uma feição de
tristeza onde os cumprimentos entre eles eram bem comedidos.
Após uma boa espera fomos
atendidos pelo jornalista o Érico a quem fiz um breve relato do porquê
estávamos ali e gentilmente nos acompanhou para conhecer o local onde ele
trabalhava.
Deixo aqui
registrado, os meus sinceros agradecimentos ao Érico, por ternos concedido
a esta oportunidade ímpar.
Eu, Neuza, Graça e o Érico
Me arrepio até hoje.
Fui uma visita rápida porem
mágica. Num local reservado estava a cadeira ainda com um nome em uma folha de
papel que me informou ser a qual ele usava recentemente.
O respeito era muito grande,
inclusive não tinha pretensões de registrar através de fotos, o Erico me disse
se quisesse ficasse à vontade.
Estúdio onde ela diariamente fazia o programa
O ápice, foi quando me disse
se quisesse poderia tirar uma foto sentada nela.
Não sei o que isso poderia
representar, mas assim fiz.
Essa cadeira foi depois transformada em uma obra de arte.
A visita foi bem rápida e
após agradecemos seguimos para o hotel.
Dia da corrida e como de
presente havia inscrito também minha cunhada numa caminhada de 3 km e Neuza
iria correr os 5 km.
Tudo dentro de uma
programação para que quando da minha chegada pudesse fazer a homenagem
devidamente caracterizado.
A prova conclui em 01:50:57,
mas aproximadamente faltando uns 300 metros para o pórtico da chegada, estava
minha cunhada para me dar a sunga (que coloquei sobre o calção) e um cartaz que
havia feito no final da noite anterior para fazer o que achei entender como
forma de homenagear aquele que considero um dos melhores jornalistas e ser
humano que já ouvi falar.
A chegada
Neuza e Graça após a corrida
Hoje, quando ouço a rádio
Band, fico a imaginar o que ele estaria dizendo sobre essa pandemia toda.
Como ele sempre dia, “Segue
o Barco” e é o que tenho procurado sempre fazer.
Já retornado a salvador, fiz
o registro no site do Detran sobre o ocorrido da batida para me resguardar
legalmente.
Quanto a labirintite, na
corrida me deixou um pouco inseguro, mas felizmente não foi o bastante para que
a concluísse e fizesse minha simples homenagem ao Ricardo Eugênio Boechat.
Segue o Barco.
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