terça-feira, 5 de maio de 2020

Ao Ricardo Eugênio Boechat




Ricardo Eugênio Boechat - 1952 / 2019

Estava eu, as voltas para melhorar de uma labirintite que resolveu me atormentar praticamente as vésperas da Meia Maratona de SP que iria acontecer no dia 17/02/2019.

Adoro correr em SP e até então neste ano retornaria mais uma vez vide post Maratona de Salvador – 2019.

Viagem marcada e marcada também estava um famigerado exame que teria de fazer na semana da viagem mais precisamente na segunda-feira.

Quem tem esse problema e necessitou de fazer o exame que aparentemente simples, mas pelo ao menos para mim foi terrível.

Consiste em você se sentar numa cadeira, fechar os olhos e o médico com um aparelho sobrar um ar quente nos seus ouvidos. Isso me provocou uma reação que parecia que eu estava numa montanha russa e o mal-estar foi tão grande que de tanto suor parecia que haviam jogado um balde de água em mim.

O consultório era próximo ao trabalho e o objetivo era que após o exame voltasse a trabalhar, contudo não tive a mínima condição.

Estava acompanhado de Neuza por exigência do procedimento e nem condições de pegar o carro eu tive. Resolvi deixá-lo no estacionamento do trabalho e fui direto para casa.

Já em casa e de banho tomado, liguei a TV e tomei o maior susto.

Estava passando uma reportagem sobre um acidente de helicóptero onde o jornalista Ricardo Boechat e o piloto haviam falecido.

Sabe daquele ouvinte que sempre que possível ia para o trabalho ouvindo uma rádio e um programa específico de um jornalista que você admira praticamente todos os dias.

Sou eu, pois me identificava em muitas coisas com ele fala. Religião, política, ele tinha um comportamento o qual já exercitava a algum tempo.

Não entrarei no mérito da questão.

A semana foi passando, passando e chegou à sexta-feira dia da viagem para SP.

O voo seria no início da noite e como programado fizemos como outras vezes, indo no nosso carro o qual deixaríamos no estacionamento do aeroporto pois o retorno ocorreria no domingo à noite.

Acredite, sai mais em conta do que pegar um taxi de ida e volta ao aeroporto.

No caminho da ida, já próximo ao aeroporto Luis Eduardo Magalhaes estava tudo engarrafado, porem nada que atrapalhasse o embarque pois já conhecendo a região saímos sempre mais cedo.

De repente sentimos um baque no fundo do carro e saindo para verificar um carro de aplicativo bateu embora não sendo nada de grave.

Ao sair do veículo me deparei com um rapaz tipo esses de academia, cheio de tatuagem, todo apertadinho.

Perguntei se ele havia se distraído e me retrucou dizendo que eu parei de repente. Aquilo meu subiu na cabeça que minha primeira reação foi chamá-lo de idiota.

De imediato pedi que olhasse para a frente e observasse que estava tudo engarrafado.

Observei que ele estava levando um passageiro para o aeroporto e embora sem provas, mas o que deduzi de que ele estava se distraído olhando no celular se haveria uma próxima chamada.

Essa minha dedução ficou mais consistente quando oportunamente utilizei o transporte por aplicativo. Em resumo me disse que não ficaria assim e pegou o celular e tirou uma foto da placa do nosso carro e eu do mesmo jeito também assim agi com a dele.

Seguimos em frente, mas fiquei preocupado pela ameaça.

Seguimos viagem.

No sábado já em SP, depois de pegar o kit fomos até um shopping. Minha cunhada graça já estava comigo e lá revelei de que gostaria de fazer na corrida uma homenagem ao Boechat.
Quando ouvia a rádio, sempre tinha uma história de que ele quando ficava no Rio de Janeiro e ia à praia, vestia uma sunga da cor vermelha e foi exatamente o que procurei numa loja de departamento.

Compramos uma a que achei a mais parecida com aquilo que imaginava ser a indumentária de que o Boechat usava.

A preocupação com o ocorrido no dia anterior ainda era grande e sempre no sábado pela manhã ouvia e algumas vezes até interagia com um programa na Rádio Metrópole chamado Metrópole Autos.

E foi o que fiz de SP. 

No programa tem alguns profissionais para tiram dúvidas não só da parte mecânica, como também de legislação.

Dúvidas esclarecidas, e com algumas orientações me tranquilizei.

Depois do shopping vamos encontrar um grupo de amigos para um breve almoço, pois naquele dia era também o aniversário da querida cunhada Graça.

Almoço delicioso e aí falei para a Neuza e Graça que agora, iriamos na Rádio Bandeirantes onde o Boechat trabalhava. Não poderia perder a oportunidade e para lá seguimos.

Na portaria fizemos uma breve identificação, mas a resposta não foi exatamente o que esperava.

Disse a moca da portaria:

- Normalmente temos até a visita de algumas pessoas de outros estados para conhecer a rádio, mas hoje por ser um sábado não tem como fazer. É só de segunda a sexta.

Mas o brasileiro nunca desiste e sendo baiano mais ainda.

Insisti, insiste, até que ela contatou um jornalista que inclusive trabalhava com ele.

O que o percebi é que o ambiente entre as pessoas que passavam pela portaria tinha uma feição de tristeza onde os cumprimentos entre eles eram bem comedidos.

Após uma boa espera fomos atendidos pelo jornalista o Érico a quem fiz um breve relato do porquê estávamos ali e gentilmente nos acompanhou para conhecer o local onde ele trabalhava.


Deixo aqui registrado, os meus sinceros agradecimentos ao Érico, por ternos concedido a esta oportunidade ímpar.

Eu, Neuza, Graça e o Érico

Me arrepio até hoje.

Fui uma visita rápida porem mágica. Num local reservado estava a cadeira ainda com um nome em uma folha de papel que me informou ser a qual ele usava recentemente.


O respeito era muito grande, inclusive não tinha pretensões de registrar através de fotos, o Erico me disse se quisesse ficasse à vontade.

Estúdio onde ela diariamente fazia o programa

O ápice, foi quando me disse se quisesse poderia tirar uma foto sentada nela.


Não sei o que isso poderia representar, mas assim fiz.

Essa cadeira foi depois transformada em uma obra de arte.

A visita foi bem rápida e após agradecemos seguimos para o hotel.  

Dia da corrida e como de presente havia inscrito também minha cunhada numa caminhada de 3 km e Neuza iria correr os 5 km.

Tudo dentro de uma programação para que quando da minha chegada pudesse fazer a homenagem devidamente caracterizado.


A prova conclui em 01:50:57, mas aproximadamente faltando uns 300 metros para o pórtico da chegada, estava minha cunhada para me dar a sunga (que coloquei sobre o calção) e um cartaz que havia feito no final da noite anterior para fazer o que achei entender como forma de homenagear aquele que considero um dos melhores jornalistas e ser humano que já ouvi falar.

A chegada


Neuza e Graça após a corrida

Hoje, quando ouço a rádio Band, fico a imaginar o que ele estaria dizendo sobre essa pandemia toda.

Como ele sempre dia, “Segue o Barco” e é o que tenho procurado sempre fazer.

Já retornado a salvador, fiz o registro no site do Detran sobre o ocorrido da batida para me resguardar legalmente.

Quanto a labirintite, na corrida me deixou um pouco inseguro, mas felizmente não foi o bastante para que a concluísse e fizesse minha simples homenagem ao Ricardo Eugênio Boechat.

Segue o Barco.

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