Este foi o meio primeiro
sentimento que tive ao acordar naquele dia.
Ainda ao longe ouvi a voz da
minha querida e amada esposa se dirigindo ao casal de filhos para não fazerem
barulho.
- Parem crianças, não façam barulho
para não acordar o seu pai.
Ao ver todos que comigo convivem,
se arrumando apressadamente para cumprir as suas atividades rotineiras até
então parecia de tinha acordado de um pesadelo.
Percebi que ninguém,
absolutamente ninguém se preocupou em se precaver de máscaras, pegar o seu kit
de álcool gel, de colocar luvas e muito menos ouvi alguma referência de
recomendações de segurança.
Sonho ou pesadelo, o certo de que
havia o surgimento de um vírus e que faria uma grande alteração na vida da
humanidade, e com consequências fatais para muitas pessoas.
Por trabalharmos o dia todo,
fizemos a opção de deixarmos as crianças num período integral na escola, onde
no finalzinho da tarde fazíamos o revezamento de que na volta do trabalho, eu
ou ela passa na escola para pegar as crianças.
Todos aqueles problemas a que
havia até então nos meus pensamentos presenciados pareciam não mais existirem.
Tudo me parecia muito estranho.
Aquele era o meu primeiro dia de
férias. Não tinha a maior vontade de me levantar da cama.
Toda aquela aflição, o
confinamento, a quarentena.
Ainda sem acredita resolvi me
debruçar a janela e tudo, absolutamente tudo parecia normal.
Carros e mais carros circulando,
o ponto de ônibus próximo a onde moro completamente lotado, absolutamente tudo
normal.
Voltei a dormir.
Mais tarde, muito bem mais tarde,
acordei.
Sabe, daquele primeiro dia de
férias, sem a mínima vontade de fazer absolutamente nada.
Pois é.
Solitário estava e pelo horário,
já não tinha mais sentido tomar o café da manhã.
Já se passava do meio dia e
resolvi almoçar.
Sem pressa, após escovar os
dentes e fazer a barba, e que depois percebi que fazer a barba já havia sido
pelo hábito diário, que, na realidade não precisaria.
Devidamente abastecido, imaginei
em aproveitar aquele primeiro dia de férias assistindo uma série no canal
fechado o que me consumiu uma boa parte do tempo.
Aquela angústia ainda persistia
nos meus pensamentos e que ao passar do dia ia-se desfazendo ao perceber que
tudo parecia e acontecia, absolutamente normal.
Aproximava-se a hora de
costumeiramente chegávamos em casa e já conseguia ouvir aquela mesmo barulho
que havia ouvido pela manhã.
Não precisava ser nenhum vidente
para saber que atrás daquela porta, as crianças estavam chegando.
Correram em minha direção e
deitado no sofá fiquei sem a mínima condição de me levantar.
Pularam em cima de mim, cheios de
carinhos, perguntas e justificativas do que tinham feito durante o dia na
escola.
A disputa era grande, mais sem
vencedores, pois não existe uma medida que pudesse diferenciar o carinho de um
pai por esse ou aquele filho.
Sabia que cada um tinha sua
particularidade, mas não era capaz de interferir em nenhum ou qualquer
julgamento de merecimento de carinho.
- Meu amor, como foi o seu primeiro dia de
férias?
Perguntou minha amada.
Fiz um breve relato do que havia
feito e até por ter passado a maior parte do dia dormindo não tinha muito o que
contar.
Fiz só um breve relato da série
que havia assistido até o momento.
- E o seu?
Perguntei a ela.
- Normal.
Ela me respondeu.
Já imagina que havia sido igual
aos demais dias do trabalho.
À noite, e agora mais noite
ainda, estava tudo calmo.
As crianças já estavam dormindo,
a minha amada também, e eu ainda por conta de ter acordado mais tarde, estava a
aguardar a chegada do sono.
Resolvi continuar a assistir à
continuação da série que havia começa a tarde.
De repente por conta de uma cena
de explosão no filme, percebi que mesmo que não completamente havia adormecido.
Levantei-me e logo após a me
desconectar do canal fechado ao qual estava assistindo fiquei sintonizado em
uma estação onde o jornalista fazia uma referência preocupante vindas da China, onde um médico insistentemente
fazia alertas da existência de um vírus que se não dado a importância
necessária, poderá causar sérios transtornos para a humanidade.
Pensei, sorrir e em voz baixa ...
Doidice não escolhe
nacionalidade, agora é um Chinês.
Carinhosamente, debrucei-me e
beijei a minha querida amada, e adormeci.
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