Estou reeditando textos que havia publicado a algum tempo, mas que reativam as minhas energias para este momento que estamos passando.
No
conto abaixo a história de um começo que me levou a fazer com que após
alguns anos ainda consiga achar determinação, motivação e disciplina, a sempre
procurar o meu melhor.
Boa leitura.
Enchi os pulmões de ar,
punhos serrados, e de hoje não passa.
Ainda faltavam algumas horas
para a largada.
Levantei da cama, cumpri os
rituais costumeiros que faço nas manhãs das corridas e sai, ou melhor, saímos,
pois a corrida acaba envolvida também a família.
O dia estava lindo, o sol
parecia que não ia deixar por menos.
Era um dia literalmente de
praia.
Aos poucos os atletas iam
chegando, expectativa aumentando junto com a adrenalina.
Autorizada a largada, saímos
todos.
De imediato colei junto ao
corredor que o denominei de coelho.
Definição de um coelho extraído do Wikipédia, a enciclopédia livre.
Geralmente usado para provas de meia e longa distância, ele estabelece um ritmo forte pré-planejado que leva os demais competidores a um recorde desejado, geralmente mundial.
Os "coelhos" puxam o grupo de atletas até determinada distância do percurso total num tempo especificado, colocando-os em condições de dali em diante manterem o ritmo e alcançarem os tempos desejados. Provas de longa distância em ruas e estradas, como as maratonas, geralmente tem mais de um coelho, que abandonam a prova após determinada distância, mais comumente na metade dela. Vários especialistas de atletismo e puristas do esporte criticam a utilização de coelhos em tentativas de quebra de recordes mundiais em maratonas, por deixarem os demais atletas numa zona de conforto tirando a natureza competitiva das corridas, algo que não existe, por exemplo, em provas oficiais como os Jogos Olímpicos e o Campeonato Mundial de Atletismo. Alguns destes críticos, chegam a considerar o artifício desonesto.
Comigo isso nunca funcionava, cada corrida após seu final me dava sempre uma grande frustração, mesmo que a cada participação o meu tempo apresentava um melhor desempenho o que para mim não era o bastante.
O desafio foi aumentando, mas
havia escolhido aquele dia, aquela prova para alcançar, ultrapassar e quem sabe
dar uma bicuda no famigerado coelho.
Eram apenas dez quilômetros.
Dada a largada.
Fomos correndo, correndo e
passamos a marca dos cinco, seis, sete, quilômetros e como sempre nada do
coelho cansar.
O percurso já era conhecido,
embora isso não fizesse a menor diferença.
Faltavam pouco menos dois
quilômetros e pensei esta chegando a hora. O coelho estava ficando mais próximo e
dava para ouvir o esforço da respiração do maldito coelho.
Era uma corrida realizada
pela Marinha do Brasil denominada Riachuelo.
Estava já nas proximidades do
Morro do Gato, descendo uma ladeirinha em frente o Barra Vento, e ai
definitivamente, de hoje não passa.
Corri, corri, corri, puxei
uma bandeira do Brasil que havia colocado na minha cintura. Toda molhada de
suor, segurei-a e foi em direção a chegada.
Ataquei.
Quando me lembro, sempre fico
arrepiado.
A vontade foi tão grande que
subestimei o quanto faltava para a chegada.
Bateu-me um cansaço e comecei a ficar
preocupado com o temido coelho.
Já dava para ouvir os gritos,
vamos, vamos, passa ele.
A essa altura do campeonato o
esforço já era tamanho que pensei:
Só esta faltando tropeçar no diabo
do tapete da chegada e o coelho passar por cima de mim.
Finalmente a minha
determinação foi maior.
Desfraldei a bandeira, cruzei
a linha de chegada e ganhei a corrida para o coelho.
Um detalhe que para essa
história não teria muita importância se não fosse à idade do coelho.
Ele tinha 55 anos, 10 anos a
mais do que eu se chamava Dr. Gilberto, que por um bom tempo sem ele saber, foi um
grande incentivador para que eu continuasse correndo e ultrapassando os meus
desafios.
A ele sou eternamente grato, e a quem dedico essa minha história.
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